sábado, 5 de dezembro de 2009

O LÚDICO NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Adalgisa Maria de Morais Santos
Sílvia Pacheco Macedo
Isadora Maria da Silva
Kelly E. Lima Boaventura

     A ludicidade tem conquistado cada vez mais espaço na educação, principalmente na infantil, por ser o brinquedo a essência da infância e seu uso permitirem um trabalho pedagógico que possibilita a produção do conhecimento, da aprendizagem e do desenvolvimento. Independentemente de época, cultura e classe social, os jogos e brinquedos fazem parte da vida da criança, pois elas vivem em um mundo de fantasia, de encantamento, de alegria, de sonhos onde a realidade e o faz-de-conta se confundem.
     A utilização de brincadeiras e jogos no processo pedagógico faz despertar o gosto pela vida e leva as crianças a enfrentarem os desafios que lhe surgirem.
     O brincar e o jogar são atos indispensáveis à saúde física, emocional e intelectual e sempre estiveram presentes em qualquer povo desde os mais remotos tempos. Através deles, as crianças desenvolvem a linguagem, o pensamento, a socialização, a iniciativa e a auto-estima, preparando-se para ser um cidadão capaz de enfrentar desafios e participar na construção de um mundo melhor.

     O jogo, nas suas diversas formas, auxilia no processo ensino-aprendizagem, tanto no desenvolvimento psicomotor,isto é no desenvolvimento da motricidade fina e ampla, bem como no desenvolvimento de habilidades do pensamento, como a imaginação, a interpretação, a tomada de decisão, a criatividade, o levantamento de habilidades do pensamento, como a imaginação, a interpretação, a tomada de decisão, a criatividade, o levantamento de habilidades do pensamento, como a imaginação, a interpretação, a tomada de decisão, a criatividade, o levantamento de hipóteses, a obtenção e organização de dados e a aplicação dos fatos e princípios a novas situações que, por sua vez, acontecem quando jogamos, quando obedecemos a regras, quando vivenciamos conflitos numa competição, etc.
     O jogo não é simplesmente um “passatempo” para distrair os alunos, ao contrário, corresponde a uma profunda exigência do organismo e ocupa lugar de extraordinária importância na educação escolar. Estimula o crescimento e o desenvolvimento, a coordenação muscular, as faculdades intelectuais, a iniciativa individual, favorecendo o advento, o progresso da palavra.
     Estimula a observar e conhecer as pessoas e as coisas do ambiente, em que se vive. Através do jogo o indivíduo pode brincar naturalmente, testar hipóteses, explorar toda a sua espontaneidade criativa.
     O lúdico tem sua origem na palavra latina “ludus” que quer dizer “jogo”. Se achasse confinado a sua origem, o termo lúdico estaria se referindo apenas ao jogar, ao brincar, ao movimento espontâneo. O lúdico passou a ser reconhecido como traço essencial de psicofisiologia do comportamento humano. De modo que a definição deixou de ser o simples sinônimo de jogo. As implicações da necessidade lúdica extrapolaram as demarcações do brincar espontâneo.
     Ensinar através de jogos é um bom começo para o professor desenvolver aulas mais interessantes, descontraídas e dinâmicas , podendo competir em igualdade de condições com os inúmeros recursos que o aluno tem acesso fora da escola, despertando ou estimulando sua vontade de freqüentar assiduamente a sala de aula e incentivando seu envolvimento no processo ensino aprendizagem, já que aprende e se diverte, ao mesmo tempo.

ATIVIDADES LÚDICAS E A MATEMÁTICA

     A construção do conhecimento pode ocorrer a partir da realização de atividades lúdicas, principalmente quando pensamos em atividades para a educação infantil e para os anos iniciais do ensino fundamental, pois nessa faze os alunos gostam de brincar e jogar. O ensino da matemática na educação infantil deve priorizar o avanço do conhecimento das crianças diante de situações que significam a aprendizagem. No caso da inclusão do jogo educativo como ferramenta para o ensino de conceitos básicos na matemática, pode-se perceber que ele também acaba favorecendo a aquisição de habilidades e a evolução dos estágios de desenvolvimento do raciocínio lógico, do conhecimento físico, da linguagem e da motricidade das crianças beneficiadas com seu uso.
     Um dos motivos adicionais, mostrados por inúmeras pesquisas educacionais, as quais estão nas referências bibliográficas para a introdução dos jogos nas aulas de Matemática na Educação Infantil é a possibilidade de combater dificuldades de aprendizagem que poderiam ser apresentadas pelos alunos que, por ventura, não tivessem a experiência de manipulação dos jogos e de atividades lúdicas antes de seu ingresso no Ensino Fundamental.
     O caráter lúdico envolvido nos jogos igualmente auxilia para que os alunos pensem com certo entusiasmo na Matemática, pois o jogo liga-se ao sonho, a imaginação, ao pensamento e ao simbolismo. O ser humano como ser simbólico, constrói-se através do coletivo e sua capacidade de pensar está unida a capacidade de sonhar, imaginar e jogar com a realidade. Nesse sentido, o uso do jogo na Matemática para crianças na Educação Infantil pode diminuir a prevenção negativa criada pelo imaginário coletivo em relação à matemática na escola.
     No que diz respeito à matemática, é essencial que desde a educação infantil sejam desenvolvidas atividades que permitam à criança explorar o espaço, conhecer as formas, as quantidades e as medidas. Nada melhor que trabalhar com elas de modo lúdico, para que aprendam com prazer. Segundo Sergio Lorenzato, o trabalho pode ser iniciado com algumas noções básicas. Essas noções estão diretamente relacionadas a alguns conceitos físico-matemáticos: tamanho, lugar, distância, forma, quantidade, número, capacidade, tempo, posição, medição, operação, direção, volume, comprimento e massa.

O LÚDICO E AS CIÊNCIAS: descobrindo o mundo

     Para a evolução das civilizações a tecnologia exerceu um papel fundamental, dessa maneira, foram também desenvolvidas a filosofia, a política, o direito, as artes e as ciências. Essas tecnologias mudaram o pensamento do homem que passou a se sentir o centro do universo, hoje ser humano sobrevive graças a tais tecnologias que lhe proporcionam defesa e abundância.
     Para o aluno é importante entender essas situações no sentido de conscientizar acerca de assuntos polêmicos, como desmatamento, poluição, efeito estufa etc. O papel das ciências em relação ao ensino é de colaborar para a compreensão e as transformações do mundo. Em toda brincadeira pode fazer ciência desde a mais simples e com a mais tenra idade.

CORPOS LÚDICOS: corpos que brincam e jogam

     Corpos construídos: os jogos da sociedade – As brincadeiras que brincamos, no passado ou no presente, constituem, organizam, ensinam e transformam nossos corpos. Ou seja, a forma como nos movimentamos, nos relacionamos e entendemos o mundo está intrinsecamente relacionada à forma com que vivemos nossos corpos.
     O corpo é função da vida, o corpo é base da civilização. O corpo que joga e brinca pode, portanto, ser compreendido como função da vida, como base da civilização.

CORPOS BRINQUEDOS: os jogos do próprio corpo

     O corpo é o brinquedo, o jogo e a brincadeira. O corpo que somos pode nos proporcionar situações e interações lúdicas sem necessariamente estarmos apoiados nas canetinhas coloridas, nos recortes, nas massinhas, nos jogos de encaixe, nas bexigas, nas bonecas e nos carrinhos (embora esses suportes sejam todos extremamente importantes, necessários e significativos para os corpos que brincam!
     O corpo lúdico conhece, sabe, saboreia e trabalha com a linguagem corporal para torná-la jogo e brincadeira. O corpo lúdico joga muitos jogos e brinca muitos brinquedos somente quando conhece (saber, saborear) os elementos da linguagem corporal. Como? Como o corpo se torna lúdico?
Brincando e jogando consigo mesmo, com os outros, com o meio físico. É por isso que os jogos e as brincadeiras que são nossos corpos nos educam e nos ensinam os jogos sócio-político-culturais.

CULTURAS, CORPOREIDADE E LUDICIDADE

     Para as crianças, grande parte de suas experiências e vivências se dão ao brincar quando se colocam inteiras na descoberta do mundo, por isso, faz-se importante refletir sobre o valor das experiências de cada ser.
     A brincadeira é a forma de a criança recriar a experiência sócio-cultural. O chamado resultado de relações fornece também uma ocasião educativa única para as crianças.
     Convém lembrar que a escolha do tipo de brincadeira terá um papel direto no tipo de influência causada na criança. Pode tanto ser uma fonte e a base da mudança cultural ou o mecanismo que assegura a conservação da cultura que se vive.
     Brincar é tão próprio do ser humano que uma mesma brincadeira é citada em diferentes épocas e diferentes lugares do globo, que não entraram em contato. E até a mesma forma de se comportar pode ser observada em crianças de diferentes locais do mundo.
     Podemos aproveitar elementos próprios de diferentes culturas para formar o universo lúdico da criança sempre tomando cuidado de respeitar e valorizar as tradições de qualquer povo ou etnia e valendo-se de mecanismos importantes no processo de aprendizagem e transmissão de conhecimentos, habilidades, técnicas, e concepções próprias à educação das crianças, sejam índias, brancas ou negras, como a corporalidade, sempre observando o “formar” diferente de cada um.

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