terça-feira, 10 de novembro de 2009

O MITO DA CAVERNA NA EDUCAÇÃO DO SÉCULO XXI

ALINE GONÇALVES
CLAUDIA MEIRE DA SILVA
ELIZANGELA C. BOAVENTURA ROCHA
KELLY  E. BOAVENTURA
MARIA CÉLIA BOAVENTURA
VIVIANA MARIA DE MOURA
 INTRODUÇÃO
Aproximadamente 2.500 anos atrás, o filósofo Platão narra no livro VII de “A República, uma das mais importantes metáforas imaginadas sobre as condições da situação geral em que se encontra a humanidade. Essa crítica à sociedade, embora tão antiga, inspirou e ainda inspira várias reflexões nos tempos passados e atuais.
Por mais que se fale em democracia, liberdade de expressão, a humanidade ainda se vê prisioneira em uma caverna. Libertar-se dos grilhões é uma tarefa difícil, contraditória e digamos que às vezes perigosa. Estamos acorrentados à valores, culturas, ensinamentos e métodos que vêm passando de geração à geração. Alguns vislumbram um mundo e possibilidades fora das paredes que nos cercam, outros se acomodam por covardia ou mesmo por preguiça, pois, mudanças requerem esforço, disciplina e dedicação.
E é baseados na metáfora do “Mito da caverna” que nós educadores faremos uma reflexão sobre a atual conjuntura do sistema brasileiro de educação, e do papel do professor, na busca de uma visão crítica para então podermos detectar possíveis feixes de luz exterior e abandonarmos nossa condição de meros expectadores de sombras projetadas.
 1 – A ATUAL CONDIÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA.
Como educadoras, levantar um olhar crítico e abrangente para a educação não será tarefa difícil. Sempre que ligamos rádios e TVs ou lemos jornais e revistas somos deparados com belas notícias sobre o avanço da educação. Os números, embora ainda longe dos países desenvolvidos nos mostrem evoluções aplausíveis. Na grande maioria dos estados os índices de evasão escolar e analfabetismo diminuíram gradativamente. Mas é de suma importância analisar o que realmente tem levado a essa melhora nos números.
Nos tempos atuais não se fala mais em repetência escolar. Os alunos são promovidos mesmo que não tenham alcançado as médias suficientes, pois uma repetição de série pode causar desinteresse e empatia com a escola.
Foram criados vários cursos de alfabetização e aceleração de estudos, e não importa se realmente aquele aluno conseguiu alcançar o objetivo proposto, ao fim ele então pega o seu tão sonhado certificado de conclusão de curso. O governo criou o tal “Bolsa escola” como meio de incentivar aos alunos das classes menos favorecidas a não evadir dos bancos escolares para ajudar com seu trabalho no sustento da família.
Esses projetos são verdadeiras obras primas e devemos aplaudir de pé seus criadores. Mas infelizmente são utópicos funcionam apenas no papel e na mente das pessoas que não convivem diretamente no meio educacional e conhecem de perto os problemas e carências das partes envolvidas.
Alunos promovidos a qualquer custo acabam se tornando frustrados, pois na hora do vestibular ou de prestarem  algum concurso público se vê diante de provas e testes que mais parecem um “bicho de sete cabeças”, e chegam à conclusão de que não sabem nada ou quase nada.
 E como se não bastasse o programa “Bolsa escola” se tornou mais um meio de corrupção. Os repasses são desviados ou mesmo mal distribuídos, não atendendo muito dos que realmente necessitam de tal auxílio. E devemos levar em conta também que o valor do repasse, vinte reais, não é o suficiente para os gastos escolares das crianças.
Enfim é de suma urgência uma revisão nesses projetos e analisarem sua verdadeira eficácia. Até que ponto têm contribuído para a educação? Será que não têm deixado as pessoas acomodadas, como a maioria dos habitantes da caverna? Se analisarmos descobriremos realidades distintas das apresentadas. 
 2 – ELEMENTOS ENVOLVIDOS NA EDUCAÇÃO.
2.1 – A instituição
Falaremos primeiramente das instituições escolares, sejam elas privadas ou públicas. Sabemos que uma instituição escolar vai além da estrutura física, ela engloba todos os métodos, projetos, etc. O aluno é o reflexo do seio familiar e é na escola que muitas vezes é confrontado com realidades totalmente contrárias ao seu mundo. Devido a isso a escola deve respeitar essas diferenças culturais, econômicas, religiosas e sociais.
Trabalhar com a diversidade não é tarefa fácil. É preciso cautela na elaboração dos métodos de ensino, nos projetos escolares e mesmo nas disciplinas diversificadas. A instituição deve conhecer que tipo de público ela atende, pois não adianta pegar um projeto escolar feito numa escola particular de um bairro nobre e querer que ele tenha os mesmos resultados em uma escola pública do subúrbio, ou vice-versa. É preciso respeitar a realidade e o tempo de cada um.
É difícil você trabalhar individualmente com alunos de uma escola numerosa, mas é fácil balancear para não ser exigente nem relapso de mais. A escola deve oferecer, além do ensino formal, a socialização e a integração do indivíduo com a sua escola e com a comunidade em que vive.
 2.2 – A família
A família é a 1ª e a maior responsável pela formação do caráter do indivíduo, uma vez que é sabido que este se forma nos primeiros anos de vida.
Ao ingressar na escola a criança já traz de casa, conhecimentos, valores, e costumes que muitas vezes entram em choque com os padrões normais de conduta. É esperado, como via de regra, que os alunos saibam que se deve respeitar, colegas, funcionários e professores.  É esperado  que os alunos, obedeçam as regras da escola, e é então que começam a maioria dos problemas.
A estrutura familiar nos tempos atuais mudou drasticamente. Hoje não vemos apenas uma família composta pelo pai, como provedor da família, a mãe como responsável pelo lar e pelos filhos. Hoje seria impossível delimitar todos os tipos de família existentes.
Muitas crianças chegam às escolas traumatizadas por sofrerem ou presenciarem violência em casa, sofrem por não trem um referencial de pai ou mesmo de mãe e estas são apenas algumas das possibilidades que encontramos.
Então devemos considerar a realidade familiar de cada criança e não esperarmos comportamentos padronizados e adequados de forma igual. Muitas vezes a criança só recebe algum tipo de atenção, carinho ou mesmo alguma forma de educação dentro da escola, e suas reações são variadas.
Uma família que se esquiva de suas obrigações na sua função primordial, pode trazer conseqüências negativas e irreversíveis na formação do indivíduo.
2.3 – Os professores
Exercer essa tarefa nos tempo atuais é tarefa por demais complicada. O professor deve ser ponto de referência e modelo para a sociedade e para o aluno. Mas inúmeros fatores tem contribuído para um desgaste cada vez maior do profissional e da sua imagem.
Podemos atribuir isto a vários fatores como: a má formação de profissionais; salários cada vez mais baixos; perda da autonomia dentro das salas de aula; a dificuldade de relacionamento com pais e alunos e os tempos atuais onde uma grande maioria tem acesso a uma gama de informações  virtuais muitas vezes mais rápidas do que o professor pode ou consegue acompanhar. Por tudo isso somos levados a acreditar que ser professor não é uma das profissões mais brilhantes como antigamente.
         Devemos acreditar no diálogo e no bom censo, acreditar no respeito mútuo e na importância do bom relacionamento entre as partes do processo ensino-aprendizagem, e agir de modo reflexivo sobre as “verdades” dos nossos pensamentos e dos nossos atos. O “agir” na educação requer ampla reflexão, para não marcarmos nem sermos marcados de forma negativa e voltar a ver essa profissão como uma das mais importantes para a sociedade.
2.4 – O aluno
Pode-se dizer que o aluno é o núcleo de todo o processo educacional. Ele merece um olhar cuidadoso e especial.
Quando ele chega à escola ela já traz uma bagagem de conhecimento adquirido no seio familiar, da igreja e da sociedade em que está inserido. Encontramos indivíduos de valores, credos, raças e posição social distintas. Sabemos que devemos respeitar cada um com suas diferenças. É importante também respeitar os tempos de aprendizagem, as habilidades e vocações.
Essas crianças são protegidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e que é possuidor de direitos, mas também de deveres.
Sendo assim os educadores devem assumir uma postura de investigadores, e questionadores despertando assim um censo crítico nos alunos para formar cidadãos críticos e questionadores que vislumbram um mundo fora da caverna em que vivem, tornando-os assim mais preparados para a vida.
 2.5 – A escola
A escola é o 2º lugar onde a criança passa a maior parte do tempo. Portanto a escola deve ser acolhedora. O aluno deve se sentir seguro e feliz dentro dela. Nem sempre uma escola com paredes e carteiras novas é sinônimo disso. O mais importante é o respeito mútuo, o carinho do corpo docente, a segurança dentro da instituição. O aluno deve correr para a escola e não correr dela. Sendo assim proporcionar um ambiente confortável, acolhedor e seguro é um dos muitos papéis da escola.
 3 – COMO DEVE SER A EDUCAÇÃO.
 Não existe um modelo pronto e acabado de escola e educação, pois as realidades são diferentes. Devemos levar em conta as diferenças geográficas, culturais, sociais e de tempo. Cada instituição deve procurar adaptar-se ao seu contexto e criar o seu modelo. Mas é sabido que toda escola deve preocupar-se com o modelo de ensino, como está instruindo, como está proporcionando o conhecimento e se sua prática está sendo eficaz na aprendizagem, para assim detectar possíveis falhas corrigindo-as.
A escola deve se interagir com a sociedade em que está inserida, e se adaptar a ela evitando choques culturais e de interesses. A escola deve primar pela ética tanto dos educando quanto dos educadores, pois a escola é a grande formadora de cidadãos e profissionais.
A escola deve ter acessibilidade, respeitar e ter consciência dos alunos portadores de necessidades especiais e proporcioná-los  acesso aos bancos escolares com igualdade e dignidade. Muitos são os modelos filosóficos de educação, e o mais viável é analisarmos os pontos positivos e aplicá-los na medida do possível e da necessidade.
 4 – A FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO
Como a filosofia pode ajudar a educação?
Sabemos que filosofar é refletir, é questionar, é procurar outros conceitos. Sendo assim a filosofia com o seu pensar filosófico muito tem a contribuir com a educação.
O homem é um ser que vive sofrendo transformações, sejam elas intelectuais ou sociais. A educação deve acompanhar essas mudanças. Não dá para vivermos dentro de cavernas e ignorar as mudanças que nos cerca.
Portar de maneira reflexiva e crítica diante dessas mudanças deve ser o papel do educador.
Nem sempre toda mudança é positiva, então não devemos aceitar tudo que nos é proposto. É preciso refletir e ver se a mudança será positiva, se cabe em nossa instituição educacional, se alunos, professores e sociedade se adaptarão, enfim mudar é realmente necessário?
Também refletir se não é hora de mudanças, se as regras não estão ultrapassadas, se a realidade atual não necessita de novas regras, métodos e condutas.
E sendo assim a filosofia nos dá o suporte e as condições necessárias para um pensar reflexivo e crítico diante das circunstâncias.
                         
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos questionamentos e reflexões apresentados acreditamos que a filosofia é uma grande parceira na solução de problemas encontrados pelo ser humano ao longo dos anos.
Como no “Mito da caverna” não devemos nos colocar de costas para a realidade que nos cerca e vivermos num mundo de conformidade e aceitação.
É preciso galgar os muros da ignorância, do medo e do conformismo e acreditarmos que existe um mundo diferente, um mundo onde as pessoas agem e pensa diferente. É preciso entender que não somos donos da verdade e mesmo que a verdade que nos é apresentada é absoluta. É preciso aceitar que o ser humano é complexo e diferente uns dos outros, e nós como educadores devemos aprender a lidar e aceitar essa diversidade. Devemos entender a importância da escola na sociedade como formadora de futuros  profissionais. Devemos pautar nossas ações com ética e responsabilidade, para não nos arrependermos nem nos envergonharmos de nossas ações.
Sejamos firmes nas nossas decisões, mas flexíveis no agir.
Sejamos seguros no nosso falar, mas maleáveis no ouvir.
Sejamos filósofos, psicólogos, sociólogos, professores... Enfim sejamos humanos.
           
Base bibliográfica:
 Filosofia da educação / (Obra) Organizada
      Pela Universidade Luterana do Brasil
      (ULBRA) – Curitiba: Ibpex, 2008

3 comentários: