quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

TECNOLOGIA SOMBRA OU LUZ NA ESCOLA

ELENICE RESENDE ARAÚJO SILVA
EMÍLIA DARC DE CARVALHO
MARIA AMÉLIA BOAVENTURA CARDOSO
MARIA MADALENA RODRIGUES BARBOSA

     O educador a cada dia sonha mais com uma escola voltada para a formação integral do educando. Não é um sonho que se sonha só, mas um sonho que se realizará com a educação ideal.
     Isso só será possível, se os educadores oportunizarem a si mesmos, uma grande revolução nas práticas inadequadas, usando apenas pedagogia tradicional. Sem aceitar as mudanças constantes trazidas pelas televisões, vídeo game, internet, DVDs e tantas outras tecnologias que transformam o mundo, transforma valores, fazem radicais mudanças de comportamento, tornando a sociedade globalizada, onde tudo acontece em tempo real, tudo muito rápido.
     De repente nos deparamos com o “MITO DA CAVERNA” de Platão e nos parece uma obra tão atualizada, que poderia afirmar que foi escrita nos dias de hoje, onde o professor vive à sombra do respeito que tinha pelo seu mestre quando estudava, o aluno vive á sombra da educação que seus pais receberam, a escola tenta superar a sombra do que foi a escola, onde há disciplina; o professor era um ídolo a ser seguido, a valorização profissional lhe proporcionava uma satisfação de ser realmente MESTRE.
     Entretanto, hoje, a tecnologia invadiu a vida das pessoas de forma tão invasiva, que já é questionado ser professor ou assumir a postura de educador, educador preocupado com a formação integral do aluno, ou professor que transmite conhecimentos de acordo com a pedagogia tradicional.
     Da mesma forma, a família tem nova postura, já não tem o mesmo tempo disponível para os filhos, não tem tempo para educá-los e essa tarefa passa a ser da escola, pois pais correm atrás do sustento familiar, muitas vezes compensando seus filhos com mais e mais artigos de consumismo, sem lhes proporcionar o equilíbrio emocional, a educação necessária para que tenha vida saudável e compromisso com seus estudos, e acabam por deixá-los á mercê da educação recebida pelo constante uso da tecnologia, esquecendo de falar de seu amor, do companheirismo, da solidariedade; falta o diálogo e a amizade entre familiares, tornando os filhos cada dia mais filhos do vídeo game, celulares, internet, pois são seus companheiros de todos os momentos; a televisão com as novelas que destroem os valores de respeito familiar, com filmes violentos e jornais com notícias deturpadas para um entendimento sem uma orientação adequada, a tecnologia entra como furacão dentro de seu entorno social, e fica para a escola a responsabilidade de educá-los.
     Educadores têm que se desdobrar numa competição desleal e absurda, com o uso da tecnologia inadequada para a vida cotidiana do educando, onde mais e mais se distancia de um ensinamento aceito por seus alunos, vendo o educador como uma pessoa que reprime e não se moderniza, muitas vezes com conhecimento das tecnologias aquém do educando, tornando mais árdua sua missão de ensinar.
      Na visão dessa nova fase educacional, mais parece que vivemos na sombra, encurralados por convicções, fechados às transformações, cansados de lutar bravamente para capacitar, para entender as constantes mudanças no entorno que vivemos, mesmo não atingindo, nem oportunizando possibilidades de diálogo com a constante agressividade do educando.
     A falta de compromisso com os estudos é tamanha que não se consegue um aprendizado satisfatório, compensador para o educando e satisfação profissional para o educador. Ao sairmos da CAVERNA do nosso íntimo, somos obrigados a sentir a luz ofuscante das transformações, mudando nossas convicções para a abertura de capacitações, incapazes de oportunizar o acompanhamento das transformações e as luzes que se abrem em novo horizonte: o mundo; também há grandes transformações no nosso mundinho educacional, que a cada dia se torna diferente, mais exigente e transformador, não possibilitando que se continue como simples transmissor de conhecimento, pois a educação, mola mestra do saber, obriga os educadores a ter uma nova postura diferenciada, que acompanhe a globalização e o ritmo da vida atual.
     Há um mundo de novos valores, modificados por alta tecnologia que avançam a cada dia, possibilitando uma maior interação com o “Nós” deixando para trás o “EU” professor transmissor de conhecimento, com a autoridade do “eu falo, você escuta” . O educando de hoje não admite o simples decorar os conhecimentos repassados pelo professor do quadro e o giz.
     Hoje o professor passa a ser um educador, que faz com que seu aluno atue como um construtor de seu próprio conhecimento, investigando, pesquisando, questionando de maneira crítica e investigativa os “porques”, possibilitando a motivação que deve levá-lo à busca do saber. O educador se torna assim um formador de opiniões, escutando e mostrando ao aluno uma postura crítica perante sua necessidade de realização pessoal.
     O que temos de relevar é que a escola hoje assume um novo papel frente ao aluno, o conduz a pensar, a descobrir e questionar o aprendizado.
    Assim, o educador está obrigado a sair de sua caverna de atitudes inadequadas que carrega como conformismo, acomodado com métodos infrutíferos, incapazes de motivar os alunos, fazendo da escola um lugar sem prazer de estar. A sombra da educação onde um escuta e o outro ouve, já não é suficiente pra fazer com que o aluno adquira conhecimentos suficientes para torná-lo um cidadão consciente de seu papel na sociedade em que vive.
     O educador, dentro de sua caverna, é obrigado, vendo as sombras da educação que recebeu e o profissionalizou, a adequar-se às novas luzes da tecnologia, preparando-se para iluminar seus horizontes, capacitando-se a cada dia, procurando integrar-se no mundo globalizado, modernizando seus métodos de ensinamentos. Mas se faz necessário que o educador esteja convicto da postura e reciclagem exigida pelo mundo que nos deparamos, pois, fechando seus olhos, a nova tecnologia se tornará um morador eterno da caverna que construiu, não se permitindo ver a luz do mundo moderno, as facilidades que proporciona em seu trabalho e procurando se adequar às novas perspectivas de um ensino que conduzirá seu aluno não só ao conhecimento acadêmico, mas, principalmente às condições de desempenho brilhante quando profissional, tornando-o cidadão consciente, crítico e formador de opinião, politizado, com capacidade de contribuir para uma sociedade mais justa, com igualdade de oportunidade a todos.
     O educador deve ter como prioridade na atualidade, a consciência de sua postura diferenciada pela nova visão educacional que nos deparamos, levando seu aluno a uma reflexão crítica e filosófica da sua condição como pessoa humana, capaz de discernimento das sombras, impedindo seu crescimento pessoal, integrada no entorno social que vive, sendo um ser mais completo e capaz de fazer do mundo em que vivemos um lugar mais completo e prazeroso, consciente de sua posição diante dos problemas sociais que enfrentamos, tendo uma postura ecológica de preservação de nosso planeta, sendo politizado e comprometido com políticas públicas voltadas para o bem comum.
     Só é possível sairmos da CAVERNA do “EU”, se tivermos consciência de nossas responsabilidades como cidadãos, possibilitando em nosso entorno social, uma integração de vontades de mudanças nas posturas inadequadas, para que tornem nosso cotidiano diferente, modificando nosso pensamento egoísta, voltando para o coletivo e bem comum, prevalecendo o “NÓS” para uma convivência harmoniosa de todos.
Devemos ver a tecnologia como uma fonte de luz, capaz de trazer possibilidades de uma vida melhor, sem deixar sombras que vendam e degradem a conduta humana.
    A tecnologia deve estar voltada para um compromisso de melhores condições de vida, sendo dos educadores e pais a responsabilidade de saber adequar seus filhos a essa nova realidade, sem deixar de proporcionar o equilíbrio no uso da tecnologia e, principalmente, estar presente na formação humana de seus filhos, cabendo a escola em sua missão de educar, aprimorar o conhecimento em consonância com as novas tendências e horizontes que possibilitem a formação integral do educando no contexto social que vive.

Um comentário:

  1. Texto significativo e reflexivo,com argumentos pautáveis para problematização ,relacionado entre a fusão educador e educando!!!

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